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55 DIAS, HOJE!

Certa feita, ante a insistência dos pais, acabei por iniciar a dar conselhos de comportamento à um adolescente. Ele me interrompeu e perguntou se eu era psicólogo. Ante minha resposta negativa ele lascou: Então, o Senhor está cometendo um crime de exercício ilegal de profissão! Bom, ele tinha razão, daí despejei em cima dele todos os artigos de lei que conhecia acerca do dever de respeito que devia aos pais. Ele disse: Agora sim o Senhor está sendo um Promotor!

Mas não tenham ideia, apenas ouçam. Do alto de meus 63 anos, acho que estou autorizado a dizer o que penso, recebe como um conselho quem quiser. Pois bem.

Tenho navegado, nessa quarentena, entre o desespero, o medo, a descrença e logo em seguida à placidez da esperança no futuro e na constatação de que não há o que fazer, à não ser acreditar na ciência.

Claro que, graças a Deus e às escolhas profissionais que fiz, tenho condições pessoais de ficar em casa, trabalhar de casa, atender clientes por telefone e outras formas virtuais. É certo que há prejuízos pessoais e profissionais, mas nada desesperador.

Um número considerável de brasileiros não pode ficar em casa, dependem do deslocamento para trabalhar e comer, e a esses rendo minhas homenagens e dedico o meu respeito. De qualquer forma, todos nós, uns mais, outros menos, estamos sendo atingindo pela crise pessoal, relacional e econômica que é mundial.

Assim, me encorajo a aconselhar que, na medida do possível, procuremos manter acesa a chama das amizades, avivemos as relações negociais, valorizemos e aumentemos o contato, mesmo virtual, com conhecidos e vizinhos.

Vamos nos manter informados sobre a realidade, mas não deixemos de assistir a um bom filme, à uma novela açucarada, a uma reprise de jogo de futebol como se fosse inédito, à uma comédia pastelão, aceitemos as diferenças de opinião, tenhamos paciência e tolerância com nossas esposas e filhos.

Os antigos já diziam: não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe.

Não vai ser fácil para ninguém, vamos chorar muito ainda, mas vamos sair lá no fim desse túnel escuro e frio mais fortes, mais tolerantes, melhores como seres humanos.

Então, reclame (como eu), brigue (como eu), mas acredite (como eu).

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João Marcos Adede y Castro

JOÃO MARCOS ADEDE Y CASTRO é graduado em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria, sendo Mestre em Integração Latino Americana, pela mesma Universidade.

 

É doutor em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Universidade del Museo Social Argentino, e doutorando em Direito Civil pela Universidade de Buenos Aires, ambas de Buenos Aires.  

 

Foi Promotor de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul por quase 30  anos, tendo exercido as atribuições de Promotor de Justiça Especializada de Defesa Comunitária, com atuação preponderante nas áreas de defesa do meio ambiente, interesses sociais e coletivos e improbidade administrativa. É Professor Universitário.

 

 É membro e  foi Presidente da Academia Santa-Mariense de Letras, ocupando a cadeira número 16, cujo patrono é o escritor e jurista  Darcy Azambuja. É advogado em Santa Maria, RS.

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