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SALVEM A DEMOCRACIA, POR FAVOR!


O título dessa crônica é pateticamente desesperado, porque acho que nunca estivemos tão perigosamente perto de um golpe de Estado organizado e patrocinado pelo Presidente da República, com a conivência daqueles que deviam defender a ordem democrática, pregando o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional.

Não bastasse essa sandice, própria de projetos mal-acabados de ditadores, os ataques morais e físicos aos órgãos e profissionais de imprensa que ousam noticiar fatos desfavoráveis criados diariamente pelo Presidente para criminosamente convulsionar a sociedade e justificar uma medida de força, chegaram ao limite do suportável.

Não sou Ministro do Supremo, não sou político e nem jornalista. Sou apenas um cidadão que preza a democracia e seus instrumentos, como o Poder Judiciário, o Legislativo e o Executivo, hoje ocupado por um psicopata, um golpista, um homem sem coração, sem empatia, um falso profeta.

Exerci função pública por trinta anos e sei, pessoalmente, do valor da imprensa como instrumento de informação e formação de opinião. Tenho queixas da imprensa, mas certamente ela também tem queixas de mim. Isso não significa que eu deva ser extinto ou “fechado”.

Quando falo em democracia não defendo pensamento unânime sobre esse ou aquele aspecto da vida nacional, mas respeito ao sistema legal que, de comum acordo, foi estabelecido para a Nação, que pode e deve ser aperfeiçoado.

Mas, aperfeiçoar a imprensa, baluarte do direito à informação, não pode se dar através de agressões físicas aos profissionais ou o “empastelamento” de redações, como já aconteceu em períodos negros de nossa história.

Quando falo em democracia não estou, necessariamente, defendendo “esse” Congresso com seus presidentes, porque esses passarão, e a Instituição, como instrumento legislativo, fiscalizador e promotor da vida social e econômica nacional permanecerá.

Quando falo em democracia não estou, necessariamente, defendendo “esse” STF, mas a Instituição que representa o Poder Judiciário, o órgão essencial de garantias individuais e coletivas, de preservação do filho que precisa do alimento, do pai que busca convivência com a filha, da esposa que busca punição ao criminoso que tirou a vida daquele que sustentava todos.

Ser democrata não é aceitar os defeitos dos Poderes, mas respeitar a sua existência. Defender o fechamento do Executivo, do Congresso ou do Poder Judiciário é criminoso, antidemocrático e antipatriótico.

Não alimente o monstro.

Um da ele come você no café da manhã.

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João Marcos Adede y Castro

JOÃO MARCOS ADEDE Y CASTRO é graduado em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria, sendo Mestre em Integração Latino Americana, pela mesma Universidade.

 

É doutor em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Universidade del Museo Social Argentino, e doutorando em Direito Civil pela Universidade de Buenos Aires, ambas de Buenos Aires.  

 

Foi Promotor de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul por quase 30  anos, tendo exercido as atribuições de Promotor de Justiça Especializada de Defesa Comunitária, com atuação preponderante nas áreas de defesa do meio ambiente, interesses sociais e coletivos e improbidade administrativa. É Professor Universitário.

 

 É membro e  foi Presidente da Academia Santa-Mariense de Letras, ocupando a cadeira número 16, cujo patrono é o escritor e jurista  Darcy Azambuja. É advogado em Santa Maria, RS.

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