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NÃO SOU UMA ESTATÍSTICA

Essa crise tem despertado o que tem de melhor e o de pior nas pessoas, graças às estatísticas, importantes, mas frias, necessárias, mas impessoais, reveladoras, mas enganadoras.

Uma notícia de que um jovem de 36 anos morreu de corona vírus consterna todo mundo, que horror, coitadinho, não podemos aceitar isso!

Já a notícia da morte de uma pessoa com 65, 75 ou 89 anos entra nas estatísticas das mortes inevitáveis, afinal, era um velho, um idoso, estava no grupo de risco, só a família chora. Se está velho é normal morrer, dessa ou daquela doença, morrem idosos todos os dias. Joga o número numa tabela e esquece.

Claro está que não vivemos para sempre e que a ciência tem conseguido, com muita tecnologia aumentar incrivelmente a expectativa de vida, mas isso tem um limite e esse limite atende pelo nome de “morte”.

Mas, a morte, por mais que seja inevitável, não pode e não deve ser encarada com pouco caso, como está acontecendo. Nem falo de quem morre, que esse descansou de muito sofrimento causado pelo vírus, mas, pode não parecer, as famílias e os amigos sofrem muito.

Temos notícias de milhares de casos que os idosos morrem sozinhos nos hospitais, sem a presença de seus familiares e amigos em seus últimos momentos. Alguns médicos bondosos fazem ligação de vídeo e permitem que os familiares se despeçam do doente, à distância. É horrível, mas minimamente humano.

Outros morrem e a família não pode realizar as cerimônias de homenagens, os chamados velórios, entregando o sepultamento ou cremação a empresas, sem o acompanhamento de ninguém.

Então, parem de me chamar de “grupo de risco”, eu sou muito mais que isso.

Sou uma pessoa com uma história familiar, com filhos, esposa, alguns bons amigos, uma vida dedicada a sociedade que hoje acha que eu posso morrer, pois sou só um dado em uma planilha.

“Sei que amanhã quando eu morrer, os meus amigos vão dizer que eu tinha bom coração”. Não era perfeito, mas era uma boa pessoa, um ser humano, não um número. Tinha defeitos, mas todos suportáveis, algumas raras, mas importantes qualidades.

Meu nome é João Marcos Adede y Castro, 63 anos, diabético, mas não um número ou um dado estatístico.

Na dúvida, essa é a minha fotografia!

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João Marcos Adede y Castro

JOÃO MARCOS ADEDE Y CASTRO é graduado em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria, sendo Mestre em Integração Latino Americana, pela mesma Universidade.

 

É doutor em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Universidade del Museo Social Argentino, e doutorando em Direito Civil pela Universidade de Buenos Aires, ambas de Buenos Aires.  

 

Foi Promotor de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul por quase 30  anos, tendo exercido as atribuições de Promotor de Justiça Especializada de Defesa Comunitária, com atuação preponderante nas áreas de defesa do meio ambiente, interesses sociais e coletivos e improbidade administrativa. É Professor Universitário.

 

 É membro e  foi Presidente da Academia Santa-Mariense de Letras, ocupando a cadeira número 16, cujo patrono é o escritor e jurista  Darcy Azambuja. É advogado em Santa Maria, RS.

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