ADVOGAR É RECORRER
Muitas pessoas, equivocadamente, imputam ao advogado que recorre a culpa pela demora no julgamento dos processos.
Ora, você contrataria um advogado que desistisse de defender seus interesses ante o primeiro despacho desfavorável, apenas porque respeita o juiz que o prolatou?
Manifestamos respeito aos julgadores no momento em que, reconhecendo sua autoridade judiciária, submetemos a causa à sua interpretação e manifestação, não quando com ela concordamos.
O direito de recorrer de decisões parte de uma necessidade de evitar ou pelo menos reduzir a possibilidade de erros judiciários, que eles existem, mesmo nos Tribunais Superiores.
O direito é um conjunto de normas gerais para aplicação em casos específicos e particulares, o que implica em interpretações diversas, o que é normal em qualquer tribunal do mundo.
O advogado que não acredita na causa não deve assumi-la, pouco importa se é remunerado ou está prestando serviços gratuitos. Se assumiu, tem o dever legal de lutar até o último cartucho.
Daí, com culpa ou sem culpa, o fato é que a responsabilidade pela demora nos julgamentos dos recursos é do Poder Judiciário, pois é ele quem julga. Se existe excesso de recursos, mude-se a lei, mas enquanto recorrer for uma opção legal e interessar à parte que representamos, recorremos.
Aumente-se o número de servidores e de juízes, falem menos e julguem mais, mas parem de imputar a nós, advogados, responsabilidades que não temos.
Àqueles que acusam os advogados de estarem interessado apenas nos honorários eu digo: renunciem aos seus salários, remunerações ou rendas e vivam de vento!
O advogado é essencial à administração da Justiça, inclusive para aqueles que se acham tão superiores a ponto de imaginar que nunca precisarão de um.
Pimenta nos olhos dos outros é refresco!