AMBIENTALISTAS DE GABINETE

Eu tento me manter, estritamente, dentro da minha área, que é o direito ambiental. No entanto, essa é a área do direito que mais necessita de outros conhecimentos, como biologia, zoologia, engenharia florestal ou ambiental, engenharia agronômica, etc.
Ou seja, não basta ser apaixonado pelo ambiente, o que é importante, para desandar a falar sobre ele, repetindo conceitos pseudocientíficos, crenças e muita bobagem, além de uma dose cavalar de ideologia, repetição de imaginações delirantes e outras manifestações improvadas.
Mas, está cheio de gente apaixonada pela temática ambiental e absolutamente bem-intencionada e totalmente desprovida de conhecimento do direito e do fenômeno natural do ambiente que tanto fala que vira uma “autoridade ambiental” ou pior, essa coisa amorfa e pouco delimitada de “ambientalista”.
Veja-se que estamos em um país democrático onde todos podem falar o que querem, o que é bom, mas muitos se negam a assumir a responsabilidade pelo que falam.
A democracia é ótima mas não autoriza que todo mundo assuma ares de autoridade que não tem.
O pior é quando pessoas com o acesso a meios de comunicação de massa desandam a falar sobre o que não conhecem, que nunca leram as leis ambientais, nunca produziram nada na indústria e o mais perto que chegam de uma lavoura é na gôndola do supermercado quando escolhem um pé de alface.
Eu falo de direito ambiental porque trabalhei trinta anos com a matéria, instrui milhares de inquéritos, centenas de ações, escrevi quase duas dezenas de livros sobre o assunto, o mestrado e dois doutorados foram de direito ambiental e, ainda assim, tenho um monte de dúvidas a respeito.
Se eu não estivesse tão velho, faria outros cursos acerca da matéria ambiental, mas tem gente que lê o jornal vagabundo da esquina e acha que sabe tudo.
Não jogue para a torcida.
Seja honesto.