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O COMPLEXO DE VIRA-LATA DE SANTA MARIA


Sem pretender desfazer de outras cidades, Santa Maria é uma das mais belas da região.

Tem problemas (qual cidade não tem?), mas tem um comércio pujante, uma rede extraordinária de prestação de serviços, notadamente na área de educação e medicina, está ligada ao resto do Estado por rodovias razoáveis, tem um aeroporto com voos regionais, acumula diversas unidades militares e milhares de soldados, tem uma polícia, civil e militar, que funciona, o Poder Judiciário, o Poder Legislativo e o Poder Executivo funcionando normalmente.

Conta com dezenas de restaurantes, desde espaços sofisticados até lancherias de rua, alguns cinemas, pelo menos um teatro.

É um bom lugar para viver e trabalhar.

Por isso, me impressiona que, volta e meia, alguém diz que “não tem nada para fazer em Santa Maria, que em Porto Alegre isso, mais aquilo”.

Ora, Santa Maria conta com menos de 280 mil habitantes e Porto Alegre é a Capital do Estado, com mais de um milhão e quatrocentos mil habitantes. É absolutamente natural que lá exista maior número de restaurantes, teatros, cinemas, hospitais, etc., etc., etc.

Já imaginou se Santa Maria tivesse tantos restaurantes como Porto Alegre? Quebrava oitenta por cento em trinta dias!

Cada cidade tem suas necessidades e assim os serviços vão sendo criados ou mantidos. Ou seja, poderia haver maior variedade de serviços em Santa Maria? Provavelmente sim, mas é um complexo de vira-latas ficar falando mal de Santa Maria só porque ela é diferente de Porto Alegre.

Na região existem cidades lindas de se visitar, mas sempre falta alguma coisa. Cada cidadão tem um conjunto de necessidades e vai, na medida do possível, escolhendo o lugar onde elas possam ser atendidas, mas sempre faltará alguma coisa.

Não estou propondo de que nos conformemos com nossas deficiências, mas que procuremos olhar mais para o que temos.

Vamos valorizar nossas universidades, nosso patrimônio histórico, nossos poucos, mas bons restaurantes, nosso teatro (onde 95% da população nunca entrou, por puro desinteresse!), nossas praças (algumas combalidas, é verdade), nossos jovens e idosos, nossas montanhas, sol e clima.

Viver em uma cidade é uma escolha ou uma imposição de trabalho. Cabe-nos nos adaptar a ela e tentar melhorá-la.

Ficar desfazendo de Santa Maria é próprio de ingratos, e isso eu não sou.

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João Marcos Adede y Castro

JOÃO MARCOS ADEDE Y CASTRO é graduado em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria, sendo Mestre em Integração Latino Americana, pela mesma Universidade.

 

É doutor em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Universidade del Museo Social Argentino, e doutorando em Direito Civil pela Universidade de Buenos Aires, ambas de Buenos Aires.  

 

Foi Promotor de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul por quase 30  anos, tendo exercido as atribuições de Promotor de Justiça Especializada de Defesa Comunitária, com atuação preponderante nas áreas de defesa do meio ambiente, interesses sociais e coletivos e improbidade administrativa. É Professor Universitário.

 

 É membro e  foi Presidente da Academia Santa-Mariense de Letras, ocupando a cadeira número 16, cujo patrono é o escritor e jurista  Darcy Azambuja. É advogado em Santa Maria, RS.

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